30 de mar. de 2011

DONA

Eu procuro. Procuro uma dona. Alguém para me chamar de meu, me tomar por seu. Acho que eu sempre procurei uma dona, e enquanto escrevo me pergunto: a quem pertence todos os textos de amor que já escrevi, todas as letras digitadas que somadas não chegam nem perto do que sinto por você? Eu me questiono se tudo isso é meu, o autor, ou seu, o destinatário. Creio ser este um problema que nenhuma das teorias de comunicação que me forçaram a engolir na faculdade conseguiria responder.

Na verdade, eu sempre procurei uma dona, para me sentir mais amado e menos responsável por mim. Para não me culpar por minha tristezas, nem me gabar tanto por minhas alegrias. Ter uma dona para ser mais. "Dai a César o que é de César". Então, toma, leva, carrega, pois é seu. Abre a caixa de correio e pega esse pacote empoeirado, porque ele há muito lhe pertence. Ou, para ser mais moderna, baixa logo esse arquivo, antes que a data para o download expire. Tanto faz, como queria, é seu, faça o que desejar.

E, se quiser, faça de mim um caderno e escreva nas minhas páginas, que agora e sempre te pertencem, aquela história de amor que você sempre sonhou viver. Abra os olhos e acorde, ela agora é sua e de mais ninguém. Vem e me leva, seja a minha dona. Por você eu me vendo, me empresto, me dôo. Por você eu até finjo que o meu desejo, na verdade, não é ser o dono de você.

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