18 de jun. de 2010

Quero Amar

Tenho me sentido só, trancado em uma jaula sem grades, cuja chave eu não lembro onde esqueci. Eu praticamente vivo dentro desse quarto azul e olho para as paredes imaginando que elas são o céu, quando eu preciso sonhar, ou que elas são o mar, quando eu preciso mergulhar fundo e sumir desse mundo. Mundo que às vezes parece ter esquecido de abrigar alguém para mim. Eu, que já achei tantas vezes ter encontrado o meu final feliz, hoje já não tenho mais certezas e sinto medo até de achar o que eu certamente sei. Nesse quarto azul escuto aquelas canções, enquanto mudo os móveis de lugar, tentando fazer com que também mudem as coisas na minha vida. Quando tudo parece amargo eu tento fugir de mim mesmo, tento me afastar do que eu sinto, tentando não pensar que eu realmente não posso fazer nada. É muito real não poder mudar a realidade. Eu queria que as coisas fossem mais fáceis, dentro desse quarto e lá fora no mundo. Quando estou confuso e triste eu sinto vontade de mudar o mundo, de mover a Terra, de girar o globo, mas eu não posso... por isso eu limpo algo, eu lavo o meu mundo de concreto, eu mudo o mundo de minhas paredes azuis. Passo um pano molhado na tela desse computador que eu imagino que deva sentir vergonha de mim, por todas as vezes que me viu chorar. Varro esse chão e tento apagar pegadas, deixar marcas de novos passos, pedindo pelo dia em que eu aprenda por onde andar. Limpo tudo enquanto lavo a alma, deixo tudo novo, nesse meu jeito de recomeçar. Hoje, eu não sei dizer como eu estava, não sei se eu estava triste, mas eu lavei a casa toda, eu limpei tudo, e ainda senti necessidade de limpar o quintal. Varri a terra onde eu piso há tantos anos e o bom de se imaginar limpando o mundo é que você se esforça para não empurrar nada para debaixo do tapete, não há um tapete quando se limpa o mundo, nada pode ficar escondido e se ficar pode ventar e voltar para sujar o seu quintal. Foi sentindo o cheiro da terra subindo que eu percebi ter saído daquele quarto azul, voltei a notar como o mundo é grande. Foi olhando o céu, que eu vi como era tão pequena a minha dor diante disso tudo, eu vi que eu não sei voar, mas eu ainda posso admirar os pássaros, pois eles me provam que tudo passa, às vezes alto, às vezes rápido, às vezes caindo do ninho, mas justamente por isso aprendendo a voar. A gente só voa quando o chão está ficando perto, mas aprendemos a querer mais, aprendemos a desejar o céu. A vida nos mostra que tudo passa, tudo voa, tudo um dia vai. Agora, o céu está azul, meu quarto está azul, eu me sinto livre novamente e sem pedir que você volte. Posso ser feliz, já não há mais grades, pois hoje eu me libertei. Agora eu só tenho um coração numa gaiola, para me proteger, não me esconder, e a chave, dessa vez, eu sei bem onde eu guardei.

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