31 de mai. de 2012

RETRATO FALADO

Procura-se vivo ou sentindo minha falta, alguém que muito amei. Alguém que se foi e eu nunca aceitei. Procura-se o fim. Procura-se e recompensa-se porque é dele - do fim - a culpa de cada letra de música, roteiro de filme, texto de teatro, script de novela, tema literário e do peso da saudade que eu carrego. O fim. O fim de semana para suportar a semana inteira no trabalho.. O fim da refeição para vir a sobremesa, para tolerar cada coisa que a gente não gosta, mas engole para ser saudável. O fim do ano para a garantida ilusão do fim do que não está bom e de mais uma dose do que está bem. E com o amor? O fim do amor para vir a saudade? O fim da saudade para vir o amor? Ou o fim da dor para ir a saudade e chegar outro amor? Enquanto tento responder eu penso que não é o fim que dói é a impossibilidade de voltar ao começo, de revisitar o meio, de poder reviver só por um dia aquilo que era vida e hoje se reduziu a lembrança. Lembrança é bom quando traz esperança, não saudade, pode anotar isso aí. Aproveita e anota também como era quem amei, desenha cada traço dela, faz um retrato falado e escreve que há recompensa. Eu recompenso fazendo feliz, sendo feliz, será que basta? Pode ser que não. Não, não venha me dizer que já é hora de esquecer, não tem relógio para o que a gente sente e eu nunca fui pontual. Desenhe aí o rosto da pessoa mais linda do mundo e escreva "te procura alguém que te amou sem motivo". Sem motivo, e quando é sem motivo a gente fica sem razão para deixar de gostar. O melhor motivo para amar alguém é simplesmente não saber o motivo ou não ter motivos para não amar. Poderia te explicar cada pedaço dela, cada detalhe do rosto, cada traço da boca, dos olhos, mas a verdade é que eu não sei mais como ela está. Pode ser que a pessoa que eu conheci e procuro seja completamente diferente da pessoa que hoje existe. Não vai dar certo pendurar um retrato falhado, procurando alguém que amei e não sei como achar, dando ilusão à saudade ao invés de pôr nela um fim. Faça, então, o seguinte, desenhe a mim, me reproduza nesta folha com exatidão. Vou colocar junto uma foto minha antiga para ela se lembrar de mim e, se ainda me amar, ter como me procurar e me encontrar. Vai ver é isso, ela já me procurou, já me encontrou, mas não sabia que era eu, faz tanto tempo... Faça esse desenho e disfarce em seu rabisco qualquer tristeza que eu carregue, senão quando ele me ver não vai me reconhecer, eu vou ficar tão feliz quando ele voltar que se me pôr como estou agora na figura, vai pensar que não sou eu. Promete que procura por mim e entrega a ela o meu retrato para se ela, um dia, resolver me procurar. Melhor assim, sem forçar, deixando livre. É que talvez, no fundo, eu nunca deixe de esperar, mas aceite ela não vir. E se não me procurar que venha logo o fim, o fim, sem fingir. Pois nem sempre que termina acaba, compreende? Mas venha o fim se quem amei não vier. A vida ensina que quando o amor termina é só para vir algo maior . Tudo tem fim, até o fim, por isso, assim, com o fim do fim a gente pode recomeçar e dar um jeito de tratar de ser feliz. Procura-se...

24 de mai. de 2012

EU UM PALHAÇO



O palhaço hoje acordou triste. A máscara por traz do nariz vermelho foi ao chão, a lágrima desfez a maquiagem, a poesia ficou sem rima. Sobrou tanta falta...a falta do abraço, do sorriso, do xêro no olho, da força que nunca secara. Coração bateu forte demais, não resistiu. A vida gritou cuidados, tão renegados nos dias de prazer desesperado. O palhaço tentou fazer graça, tentou fazer melodia. Mas faltou açúcar no café, faltou mel no fim do dia. O gosto de fel amargou a poesia. Os versos se perderam na manhã que até o Sol brilhava despercebido. O frio, a ausência, a lembrança estavam agora ocupando todo espaço que sobrara no rosto ressequido, úmido de água salgada, que rolara pelo queixo até o chão. A boneca de pano não conseguiu dançar. Seus ouvidos não alcançavam a melodia que se fazia ao longe...lá dentro...bem longe...
E lá de longe, lá de dentro, fez-se acordar a beleza adormecida. Não se negaram as dores, não se pintaram amores, não fez-se dormir o pranto. Não coloriu-se a realidade opaca, não riu-se da desgraça sem graça, não vestimos a tristeza com nenhum disfarce fajuto. Mas as lágrimas lavaram a alma e fizeram brilhar aquilo que o palhaço sabia de cor. Que essa Vida é força frágil, é o desequilíbrio bem equilibrado, a incerteza obsessiva, a surpresa anunciada, o desespero esperado, a efemeridade eterna, a contradição bem viva. E para não perder-se em caminhos de ilusão, é preciso estar sempre armada, sempre amada, com coração na mão. Para não esquecermos que a Vida pulsa, é preciso adormecer para acordar a cor da infância adormecida.Voltar-se a encher os olhos de paz inebriante, como a criança quando se depara pela primeira vez com o Mar.
À beira do Mar da Vida, encontrei a solidão sempre bem vinda, mergulhei na dor da ferida...e achei a Esperança a me esperar.

17 de mai. de 2012

O amor é Cego


Dizem por aí que o amor é cego. Acho que seria mais útil se ele fosse mudo. Se ele se calasse quando dizemos palavras que magoam a quem amamos. Ou talvez ele devesse ser surdo. Se ele não se ouvisse quando nos dissessem adeus, até logo ou qualquer disfarce falado para "não te quero mais na minha vida". De tanto querer ver, acho que o amor ficou cego. Ou, talvez, ele antes até enxergasse, mas cansou de buscar e não achar o que queria ver e ficou cego. Quem sabe ele cegou de saudade. Os olhos dele não conseguiram mais olhar o mundo e não ver quem ele amava e preferiu não mais ver. Pois se o olho não vê, a mente imagina. Afinal, para que olhar se não se vê o que se quer. Ou o amor vê com o coração, e por isso um dia morre: a função do coração é bater não é ver. Não podemos culpar nosso coração por tudo. Sei lá quem te sabe cego amor. Me dizem para aprender a viver sem quem eu amo. Mas como aprender a viver sem quem me ensinou o que é viver? Mundo injusto. Se o amor é mesmo cego, me dá logo um colírio ou um óculos, para ajudar a aliviar.

14 de mai. de 2012

SOU O QUE NÃO SOU

Não estou sendo eu,estou vivendo uma mentira..Mas tenho apenas medo,medo de perder você,,Demorei uma vida,uma vida que pra mim foi um eternidade..Agora que o destino me trouxe você,mil duvidas ronda minha cabeça..Ao mesmo tempo tenho você tão perto e quando esta cortina de mentiras cair,a certeza que   você vá é cruel..
Sou o que não sou sendo eu mesmo,represento pra ti um papel que não escolhi,um texto só meu,um peça trágica,que enceno que improviso..Quero libertar-me desta mascara de ferro,te mostrara que sou, mostrar meu verdadeiro eu..Mas se tudo fosse simples assim,se tudo fosse uma palavra só,não a encontraria..
Não mereço desculpas,nem tão pouco seu perdão,só não me faça fica longe de ti..Ideas que te perderei,assombram meu inconsciente,fantasmas de um filme de terror que ninguém assistiu
Sou um palhaço quando estou com você,mas quando o espetáculo acabar verá meu verdadeiro rosto e quando o circo partir ficará apenas uma saudade..
Onde esta a chuva quando a lágrima aponta na porta dos meus olhos e você pode chorar sem que ninguém o veja.

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